sábado, dezembro 31, 2011

Tulipa Ruiz canta "Efêmera" no Estúdio Showlivre - 1/11

O Carlão

Fizemos faculdade juntos. Ele sentava na frente. Andava de moto estrada. Negro de cavanhaque. Estava acima da nossa idade cronológica. Muito atlético. Em nossas viagens para Holambra ele era o primeiro a entrar e o último a sair da piscina. Falava pouco e sorria muito. Dono de uma gargalhada única. Companheiro, daqueles que nunca faltava quando marcávamos um encontro. Elegante, comia devagar e isso fazia das refeições que fizemos juntos momentos de longas conversas. Constituiu família e também foi casado com um homem por mais de 15 anos.

É vivendo e observando pessoas como você, meu amigo, que nos tornamos melhor.
Vai voar por ai... 

sexta-feira, dezembro 09, 2011

vem a vida

Sem mais nem menos. Como quem quer pregar uma peça vem a vida.
Descrever? explicar? 
Essa coisa, de onde veio? onde vou parar?

...Mas acontece que eu também tenho medo. Suas inseguranças também são minhas. Tudo que é novo pra você também é novidade pra mim.

E por que não? pra que esperar?
O que vai fazer você perceber que é só pra nós e que tem que ser agora?

segunda-feira, outubro 24, 2011

Carlos Drummond de Andrade

VIVER NÃO DOI

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Porque sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana,
que gerou em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos porque?
Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.
Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente connosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.
Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que
o desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-nos do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.

quarta-feira, setembro 28, 2011

Mario Quintana

...Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem. Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia nós percebemos que as mulheres têm instinto "caçador" e fazem qualquer homem sofrer ...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como "bonzinho" não é bom...
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia saberemos a importância da frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para beijarmos todas as bocas que nos atraem, para dizer o que tem de ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Roberta Sá - Mais Alguém (DVD)

segunda-feira, setembro 26, 2011

Martha Medeiros

Vende-se tudo

No mural do colégio da minha filha encontrei um cartaz escrito por uma mãe, avisando que estava vendendo tudo oque ela tinha em casa, pois a família voltaria a morar nos Estados Unidos. O cartaz dava o endereço do bazar e o horário de atendimento. Uma outra mãe, ao meu lado, comentou:
- Que coisa triste ter que vender tudo que se tem.
- Não é não, respondi, já passei por isso e é uma lição de vida.

Morei uma época no Chile e, na hora de voltar ao Brasil, trouxe comigo apenas umas poucas gravuras, uns livros e uns tapetes. O resto vendi tudo, e por tudo entenda-se: fogão, camas, louça, liquidificador, sala de jantar, aparelho de som, tudo o que compõe uma casa.
Como eu não conhecia muita gente na cidade, meu marido anunciou o bazar no seu local de trabalho e esperamos sentados que alguém aparecesse.Sentados no chão. O sofá foi o primeiro que se foi.
Às vezes o interfone tocava às 11 da noite e era alguém que tinha ouvido comentar que ali estava se vendendo uma estante.Eu convidava pra subir e em dez minutos negociávamos um belo desconto.


Além disso, eu sempre dava um abridor de vinho ou um saleiro de brinde, e lá se iam meus móveis e minhas bugigangas. Um troço maluco: estranhos entravam na minha casa e desfalcavam o meu lar, que a cada dia ficava mais nu, mais sem alma.

No penúltimo dia, ficamos só com o colchão no chão, a geladeira e a tevê. No último, só com o colchão, que o zelador comprou e, compreensivo, topou esperar a gente ir embora antes de buscar. Ganhou de brinde os travesseiros.

Guardo esses últimos dias no Chile como o momento da minha vida em que aprendi a irrelevância de quase tudo o que é material. Nunca mais me apeguei a nada que não tivesse valor afetivo. Deixei de lado o zelo excessivo por coisas que foram feitas apenas para se usar, e não para se amar.

Hoje me desfaço com facilidade de objetos, enquanto que torna-se cada vez mais difícil me afastar de pessoas que são ou foram importantes, não importa o tempo que estiveram presentes na minha vida... Desejo para essa mulher que está vendendo suas coisas para voltar aos Estados Unidos a mesma emoção que tive na minha última noite no Chile.
Dormimos no mesmo colchão, eu, meu marido e minha filha, que na época tinha 2 anos de idade. As roupas já estavam guardadas nas malas. Fazia muito frio. Ao acordarmos, uma vizinha simpática nos ofereceu o café da manhã, já que não tínhamos nem uma xícara em casa.

Fomos embora carregando apenas o que havíamos vivido, levando as emoções todas: nenhuma recordação foi vendida ou entregue como brinde. Não pagamos excesso de bagagem e chegamos aqui com outro tipo de leveza.
... só possuímos na vida o que dela pudermos levar ao partir.

quinta-feira, setembro 22, 2011

João Guimarães Rosa

"Todo caminho da gente é resvaloso. Mas também, cair não prejudica demais - a gente levanta, a gente sobe, a gente volta!... O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."

dia mundial sem carro

Eu fui de ônibus.

De ônibus observa-se melhor a rua.
De ônibus observa-se melhor.
De ônibus observa-se!

Quem dirige não tem tempo pra rua.
Quem dirige não tem tempo.
Quem dirige?

(pensando alto)

segunda-feira, setembro 19, 2011

mente aberta

Einstein tinha mesmo razão... uma mente que se abre nunca volta ao tamanho original.

Ontem, antes do almoço de domingo, vivi uma situação que acordei lembrando...
É admirável um ser humano que quer aprender. Quando esse é seu pai então, a situação se torna mais indescritível.

Assim que abri a porta da sala vi meu pai. Sentado. Laptop no colo. Passei por ali como tenho feito dominicalmente nos últimos 4 anos, entre ele e a TV. Recebi meu elogio e fui pra cozinha dar "oi" pra minha mãe. Quando voltei ele comentou que estava tentando acessar seu e-mail e não conseguia. Sentei. Pensei em questionar onde "raios" estava o bilhete com usuário e senha que eu havia feito pra ele. Por sorte nossa desisti. Achei que era hora de ser filha e deixar meu "paviozinho" de lado. Com calma inscrevi ele em outra conta e expliquei como seria o acesso. Agora ele esta acessível também por e-mail...

... e eu descobri que inclusão social se faz em casa !! 

quinta-feira, setembro 15, 2011

Ana Jácomo

Quando nos dedicamos, com o coração, à busca do autoconhecimento, é inevitável que chegue um instante em que algumas mentiras que contávamos para nós mesmos passem a não funcionar mais. Os disfarces até então utilizados para fortalecer o nosso autoengano já não nos servem. Inábeis com a paisagem aos poucos revelada, às vezes ainda tentamos nos apegar a alguma coisa que possa encobrir a nossa lucidez, embaraçados que costumamos ser com as novidades, por mais libertadoras que sejam. É em vão. Impossível devolver a linha ao novelo depois que a consciência já teceu novos caminhos. Existem portas que se desmancham após serem atravessadas, como sonhos que se dissolvem ao acordarmos. Não há como retornar ao lugar onde a nossa vida dormia antes de cruzá-las. Da estreiteza à expansão. Da semente à flor. Do casulo às asas, nos ensinam as borboletas.

quinta-feira

chegou? é quinta-feira... ótimo!

A um tempo razoável durante as manhãs de quinta eu exercito o des-envolvimento pessoal. Tenho o privilégio de dividir algumas questões e trocar muitas idéias com um profissional experiente que se transformou em um grande exemplo pra mim. Sabe aquelas pessoas que elevam o nível...

É bom quando nos analisamos, se conseguirmos transformar o que vemos e aprendemos (inclusive com nós mesmos) em palavras, escritas mesmo, e ações, pode ser maravilhoso.

Vamos a missão!
Caderno e lápis nas mãos e "bora" organizar as idéias.

Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias! (Pablo Neruda)

sexta-feira, setembro 09, 2011

charles chaplin

Quando me amei de verdade, compreendi que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... Auto-estima.
Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia, meu sofrimento emocional, não passa de um sinal de que estou indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...Autenticidade.
Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... Amadurecimento.
Quando me amei de verdade, comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... Respeito.
Quando me amei de verdade comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável... Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... Amor-próprio.
Quando me amei de verdade, deixei de temer o meu tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... Simplicidade.
Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter razão e, com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... Humildade.
Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... Plenitude.
Quando me amei de verdade, percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas quando a coloco a serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada.Tudo isso é... Saber viver!!!

quarta-feira, setembro 07, 2011

Então, a culpa é de quem? A culpa é de quem?

Te fiz comida, velei teu sono
Fui teu amigo, te levei comigo
E me diz: pra mim o que é que ficou?
Me deixa ver como viver é bom
Não é a vida como está, e sim as coisas como são
Você não quis tentar me ajudar
...
Preciso de oxigênio, preciso ter amigos
Preciso ter dinheiro, preciso de carinho
Acho que te amava, agora acho que te odeio
São tudo pequenas coisas e tudo deve passar

Fase

tudo é fezes

quarta-feira, agosto 31, 2011

terça-feira, agosto 30, 2011

Antoine de Saint-Exupéry

Nunca deixe de ter dúvidas, quando elas param de existir é porque você parou em sua caminhada.

segunda-feira, agosto 29, 2011

E. E. Cummings

Não acreditamos em nós mesmos até que alguém revele que dentro de nós existe algo valioso, que vale a pena ser ouvido, que merece nossa confiança, que é digno do nosso toque. Quando acreditamos em nós mesmos, podemos arriscar a curiosidade, o fascínio, o prazer espontâneo ou qualquer experiência.


quinta-feira, agosto 25, 2011

Cícero

Odeiam pecar, os maus, por medo da pena; odeiam pecar, os bons, por amor à virtude.

terça-feira, agosto 23, 2011

domingo, agosto 14, 2011

Quarto de Badulaques XX

Sobre política, paixão e casamento: Os apaixonados vivem num mundo maravilhoso de fantasia amorosa.  Concordam com o Tom Jobim: “O nosso amor vai ser assim, eu prá você,  você prá mim...” Eles acreditam firme e honestamente que o casamento será a realização da sua paixão em toda a pureza da fantasia. Mas todo mundo sabe, menos os apaixonados,  que na vida não acontece assim. As rotinas do dia a dia não combinam com fantasias amorosas. Casados os apaixonados  na casinha pequenina, eles terão agora de lidar com uma porção de coisas banais e irritantes. Por exemplo,  o pingo de xixi na tampa da privada... Alguém me contou que, na Alemanha, encontrou nos banheiros cartazes proibindo que os homens fizessem xixi da maneira clássica, macha, de pé. A ordem é fazer xixi assentado, como as mulheres. Fazer xixi assentado pode ser um golpe na auto-imagem machistas dos homens mas, sem dúvida, é uma solução para as tampas de privada molhadas com urina. Milan Kundera, no seu maravilhoso livro Os testamentos traídos, faz um comentário sobre Madame Bovary, de Flaubert, indicando que naquele livro o autor fez uma descoberta “por assim dizer, ontológica: a descoberta da estrutura do momento presente” que é feito pela “coexistência perpétua do banal e do dramático sobre o qual nossas vidas estão fundamentadas”. Muitos momentos terríveis nascem de coisas absolutamente banais, como uma tampa de privada respingada de xixi... Uma tampa de privada respingada de xixi é um golpe definitivo na imagem do príncipe encantado pelo qual a esposa  estava apaixonada... Outras coisas banais que acabam com o sonho romântico: a mancha de pasta de dentes na pia do banheiro, os pratos sem lavar na cozinha,  os programas favoritos de televisão, que revelam a inteligência e a sensibilidade estética do espectador, marido ou mulher ( mais terrível que o xixi na tampa da privada é gostar do “Big Brother”...),  a bagunça dos canhotos dos talões de cheque, o ronco ridículo, os puns, a ironia...  Pois a paixão muito se parece com a política. Há partidos que, à semelhança dos apaixonados, são feitos com lindas fantasias, fantasias de integridade ética, de justiça social, de transparência, de honestidade... É fácil ficar apaixonado por um partido assim porque, na fantasia ele, o partido,  é o cavalo branco em que cavalga o herói salvador. E a fantasia continua a ser apaixonante até a realização do casamento, isso é, até que o partido ganhe o poder. Aí se descobre que a política real não combina com ideais românticos. Em um dos seus prefácios ao Capital Marx observa que o que ele diz nada tem a ver com o caráter dos capitalistas. Os capitalistas, como indivíduos, podem ser sensíveis, bondosos, espirituais e, frequentemente, patrocinam a filantropia e programas de carater social. O problema não está no caráter moral do capitalista. O problema está no caráter lógico do jogo que ele joga. Porque o jogo que ele joga é o jogo do lucro, e no jogo do lucro não há lugar para a bondade. Quem, no capitalismo, é movido por motivos éticos, perde o jogo e sai da competição. Sim, sim, é preciso cuidar das questões sociais, da fome, da miséria. Mas há dívidas pendentes, acordos com bancos, com o FMI. Faz uns anos fez-se um plebiscito, acho que patrocinado por setores da Igreja Católica( me corrijam se estou errado ) sobre se devemos ou não pagar as nossas dívidas com o capitalismo internacional. As razões éticas respondem: “Já pagamos. Não devemos, portanto, pagar.” E assim foi: o resultado esmagador do plebiscito foi que não devemos pagar. Ah! Como seria maravilhoso comprar e não pagar! Mas todo mundo sabe o que acontece com aqueles que compram e não pagam... Muito bem! Decidimos que não vamos cumprir os contratos assinados nos termos estabelecidos. O resultado? A vida nacional entra em colapso. Graças à globalização não vivemos mais na fazenda antiga auto-suficiente que produzia tudo o de que necessitava. Precisamos importar para que a vida do país não pare. Mas, porque não pagamos, não poderemos importar. Ninguém é doido de dar crédito a maus pagadores... Não estou dizendo que isso é bom ou  é mau. Estou dizendo que é assim. A alternativa que se abre é juntarmo-nos a alguma tribo de índios...  É isso: enquanto os partidos éticos e idealistas não têm poder, eles se comportam como os apaixonados. Mas depois que estão no poder a realidade é outra... Para o casamento há três soluções. Primeira: abandonar os belos ideais e aceitar as regras do jogo da realidade. Marido e mulher permanecem juntos por razões práticas. Segunda: o divórcio que permitirá que se reinicie a busca do príncipe encantado em outro lugar. Mas com o novo príncipe encantado vai acontecer a mesma coisa. Ele vai fazer xixi na tampa da privada...  Terceira: abandonar a política e transformar-se em profeta. Os profetas de Israel não eram homens de partido. Eram visionários solitários. Solitários, não tinham poder. Por serem solitários, não jogavam em nenhum time e eram detestados por todos, tanto os da direita quanto as da esquerda  - o que, frequentemente, os levava à morte. Acho que esse é o caso de Jesus. Muito embora certos teólogos insistam em fazer de Jesus um precursor do socialismo,  como se socialismo e Reino de Deus fossem a mesma coisa, o fato é que Jesus não tinha o menor interesse por política. Ele sabia que política era um jogo com dados viciados. O poder corrompe sempre, sempre... No poder todos os partidos jogam o mesmo jogo – com diferenças de estilo, é claro.. A solidão do profeta o torna fraco mas, em compensação, lhe dá liberdade para dizer a verdade,  sem atentar para os interesses estratégicos momentâneos do partido e nem para sua segurança pessoal. Por isso os profetas são seres puros. Um dos profetas que mais amo é Albert Camus:  “Cada vez que ouço um discurso político ou que leio os que nos dirigem, há anos que me sinto apavorado por não ouvir nada que emita um som humano. São sempre as mesmas palavras que dizem as mesmas mentiras.”  E Guimarães Rosa: “Sou escritor e penso em eternidades. O político pensa apenas em minutos. Eu penso na ressurreição do homem.” Quem quiser ficar casado ou permanecer no partido tem de se conformar: todos os príncipes encantados fazem xixi na tampa da privada. A alternativa é a solidão profética. Ou poética. (Rubens Alves)

sábado, agosto 13, 2011

Lya Luft

"...Para viver de verdade, pensando e repensando a existência, para que ela valha a pena, é preciso ser amado; e amar; e amar-se. Ter esperança; qualquer esperança.
Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Saborear o bom, mas aqui e ali enfrentar o ruim. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si mesmo e à possível dignidade.
Sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e nada mais valerá a apena. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for.
E que o mínimo que a gente faça seja, a cada momento, o melhor que afinal se conseguiu fazer."

terça-feira, agosto 09, 2011

Lya Luft

"Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambigüidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos."

quinta-feira, agosto 04, 2011

Procurando PROSEAR mais

Prosear é um jeito de falar. Fala sem objetivo definido, como o vôo dos urubus - indo ao sabor do vento. Palavras fluindo. Um jeito taoísta de ser. Para prosa não existe 'ordem do dia', não há conclusões, não há decisões. A prosa não quer chegar a nenhum lugar. A prosa encontra sua felicidade em prosear. Como andar de barco a vela em que o bom não é chegar mas o 'estar indo'. 'A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas na travessia', Guimarães Rosa. Prosear é brincar com as palavras. Escrevi uma crônica com o título Tênis x Frescobol, sobre dois tipos de fala. Fala do tipo Tênis tem um objetivo preciso: reduzir o outro ao silêncio por meio de uma cortada. Ter razão. Ganhar o argumento. Convencer. Sempre termina mal. Um ganha, fica feliz e se sentindo superior. O outro perde, fica com raiva e se sentindo inferior. Frescobol é diferente. A felicidade do jogo está em estar acontecendo, em não parar, vai, vem, vai, vem, vai, vem, como numa transa indiana, sem orgasmo, feita de um prazer permanente que não acaba. O orgasmo na transa, como a cortada no tênis, são o fim do brinquedo. Saber prosear, jogar conversa fora, é o segredo das relações amorosas. (Rubem Alves)

terça-feira, julho 19, 2011

CECILIA MEIRELES

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.

domingo, julho 10, 2011

O Amor

"É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!!"
(Cecília Meireles)

terça-feira, julho 05, 2011

segunda-feira, junho 20, 2011

Tempus fugit

"Agora é o tempo da felicidade. Cada novo dia é um milagre de graça, uma taça de prazer que deve ser bebida até o fim, sem deixar para amanhã. - "Tempus Fugit"! - Portanto, carpe diem - colha o que se inicia como quem colhe uma flor que nunca mais se repetirá" (Rubem Alves)


sexta-feira, junho 17, 2011

horinhas de descuido

"Alegre era a gente viver devagarinho,
miudinho, não se importando demais com coisa nenhuma.
Felicidade se acha é só em horinhas de descuido" ( J G Rosa)


Ahh, essas horinhas de descuido!

quinta-feira, junho 16, 2011

Mario quintana

Poeminha Sentimental
O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

quarta-feira, junho 15, 2011

realce - gilberto gil

Não se incomode
O que a gente pode, pode
O que a gente não pode explodirá
A força é bruta
E a fonte da força é neutra
E de repente a gente poderá
Realce, realce
Quanto mais purpurina melhor
Realce, realce
Com a cor-do-veludo, com amor
Com tudo de Real teor de beleza
Não se impaciente
O que a gente sente, sente
Ainda que não se tente afetará

O afeto é fogo
E o modo do fogo é quente
E de repente a gente queimará
Realce, realce
Quanto mais parafina melhor
Realce, realce
Com a cor-do-veludo, com amor
Com tudo de Real teor de beleza
Não desespere
Quando a vida fere, fere
E nenhum mágico interferirá

Se a vida fere
Com a sensação do brilho
De repente a gente brilhará
Realce, realce
Quanto mais serpentina melhor
Realce, realce
Com a cor-do-veludo, com amor
Com tudo de Real teor de beleza
Realce, realce, realce, realce

terça-feira, junho 14, 2011

E depois - Seu Jorge



e depois...
e depois...
e depois...

travessia

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." (Fernando Pessoa)

muitas vezes a gente esquece que existe vida "lá fora"...
A vida é uma aventura!

sábado, junho 11, 2011

Vai saber?

Pois tudo que se sabe do amor
é que ele gosta muito de mudar
e pode aparecer onde ninguém ousaria supor...
(adriana calcanhoto)

quinta-feira, junho 09, 2011

Entender ou não entender, eis a questão...

"Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento" (C. Lispector)

Quinta-feira. Manhã chuvosa e fria.

Em dia de terapia fico mais sensível. É bom ter uma pessoa pra conversar. Não excluo os amigos que são perfeitos, mas na terapia é diferente. Saio de lá sempre com o foco em mim e isso consegue ser doloroso e confortável ao mesmo tempo...

Por ques? pra ques? pra onde? fazer o que? mudar? continuar?
Enfim, todas essas coisas devem nos preocupar???

...acho que preciso de colo!

segunda-feira, junho 06, 2011

futebol

como faz bem esse esporte...
Jogar. assistir. torcer. palpitar.

tudo é muito intenso!!!

domingo, junho 05, 2011

ainda - moska

Ainda que seja perda de tempo
Fixar meu pensamento em você
Ainda que meu coração dispare
Toda vez que eu diga pare de me bater
E mesmo que o silêncio me apavore
E que o encontro só demore acontecer
Ainda que a flor na sua boca
Não esteja no momento de colher
Bem vinda
Amiga
Aonde vamos beber?
A vida ainda brinda
Nosso amanhecer

Ainda que o desejo esteja preso
Na cadeia do desprezo que você me dá
Ainda que a saudade do futuro
Te contemple atrás do muro, estou lá
E mesmo que a viagem prometida
Seja só uma mordida no meu calcanhar
Ainda que a única saída
Seja tratar da ferida que ficou no seu lugar
Bem vinda
Amiga
Aonde vamos beber?
A vida ainda brinda
Nosso amanhecer

Ainda que a nuvem seja apenas de fumaça
Toda graça é cristal
Ainda que o amor seja de graça
A pobreza me abraça no final
E mesmo que o caminho seja sonho
Pesadelo tão medonho eu vou dormir
Ainda que eu pareça tão tristonho
De nada me envergonho, não vou fugir
Bem vinda
Amiga
Aonde vamos beber?
A vida ainda brinda
Nosso amanhecer

casa

Eu acho que a cozinha é o melhor lugar da casa

sexta-feira, junho 03, 2011

Minha mãe

... tô aqui pensando na minha mãe.
Semanas atrás ela bateu o carro. Fui visitá-la e perguntei como havia sido o acidente. (Pra quem não conheçe ela é "de outro mundo" e fala usando onomatopéia).
Ela me explicou assim:

- Eu tava fazendo a volta na praçinha ai quando virei vinha um carro de frente e PUMMM!!
Eu, já conhecendo minha mãe não procurei maiores informações e tentei ser objetiva.
- Mas mãe, quem tinha culpa?
E a resposta mais doce, pura e sincera da minha adorável mãe
- Ninguém!

Amanhã é o aniversário dessa mulher poderosa que eu amo!

adorei a imagem

quinta-feira, junho 02, 2011

sobre mim

...depois de um longo tempo me deu vontade de escrever algo sobre mim. engraçadas essas vontades repentinas. se explicam?

estou passando por um momento estranho. me sinto confortável comigo, acho meu jeito legal. Gosto de mim, da minha família, dos meus amigos, das coisas que faço embora é certo que podem melhorar. Acho que hoje me falta um amor e um emprego. Não sei bem a ordem mas um emprego e um amor.

Devo ter começado a escrever por ansiedade. Tenho até amanhã para esperar a resposta de uma entrevista em um emprego que reune características importantes pra mim. Produtos que acredito e pessoas que admiro. Receita perfeita!
Expectativa? como a de uma criança indo para um circo ou viajando para chegar na casa dos avós...

É, e o amor?

aprendendo...

"Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos, mas se nos detivermos em nossa imagem, quando a iniciamos e ao término, certamente nos lembraremos o quanto nos custou chegar até o ponto final, e hoje temos a impressão de que tudo começou ontem. Não somos os mesmos, mas sabemos mais uns dos outros. E é por esse motivo que dizer adeus se torna complicado! Digamos então que nada se perderá. Pelo menos dentro da gente..." (J G rosa)

domingo, maio 29, 2011

Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
(Vinícius de Moraes)

sexta-feira, maio 06, 2011

Cade meu Blog??

Caramba, esse é um mundo novo pra mim.
Acabei de ficar 3 horas procurando esse blog que eu criei ontem...

Primeira lição aprendida. Não, Lilian, você não manja nada disso aqui!!

Pior que eu já tava tendo uma ídeia de criar outro kkkk
Segura.

quinta-feira, maio 05, 2011

Por que as unhas crescem?

As unhas são feitas de uma proteína chamada queratina, que também forma o nosso cabelo. Elas crescem porque possuem uma raiz, que está viva. As células daquela parte das unhas que enxergamos já estão mortas e por isso não sentimos dor quando as cortamos.

Nossa, rápido assim?

Pois é... me rendi ao mundo dos blogs!
Na verdade nem sei com certeza o que eu devo fazer por aqui. Confesso que preciso me inteirar ainda desse mundo mas acho que vai ser bem divertido.


Começo aqui um exercício de deixar PADRÕES e PARADIGMAS e, embora pareça uma bobeira, pode ser importante demais pra mim.


Vamos lá, Lilian. Dê vida e esse tal blog...